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domingo, 28 de abril de 2013

Sobre estrelas...





Sentiu que de alguma maneira já era tarde demais para recomeçar a falar de corações partidos. Sentiu que este sentimento não tinha cabimento, e era mesmo verdade que já não mais cabia. Todos os lugares possíveis já estavam ocupados pelos pedaços de suas metáforas desprendidas, flocos de ilusões desalojadas de suas nuvens condensadas por sua maneira de ser.
Vê como aquela estrela brilha? Comentava ora cheia de alegria melancólica que sempre lhe fora tão genuinamente sua. Era então assim, a passos lentos que desenterrava as mãos dos bolsos do macacão azul marinho para apontar o pequeno sol noturno.
Vê? É a mesma estrela de ontem, estava ali mesmo a essa mesma hora. Mas estaria ela brilhando da mesma forma? Não. É confusão de nossos sentidos. Se o fosse não seria hoje outro dia e talvez até fosse cansativo contemplá-la de novo. Todos os dias as estrelas que distraidamente vão ilustrando os olhos do coração mudam um pouco, foi o que certa vez ouvira dizer de um moço que vira comprando flores na loja da esquina.  Não concordava nem discordava,  e achava mesmo é que nós é que mudamos o jeito como visualizamos as estrelas, isso sim. Às vezes somos pequenos cegos de nós mesmos, mas alguma hora devemos consertar isso.